No momento de assunção da minha incumbência em falar aqui de educação, tinha-me proposto começar do princípio dos meus horizontes, isto é, definir um trajeto reflexivo para o meu conhecimento e a sua expressão – partindo do princípio tão longínquo quanto me é possível e dar conta do caminho percorrido até onde estou, quanto à ciência e à prática educacional.
De repente, dei-me conta que, enquanto tento o reconhecimento das catacumbas, muitas outras coisas vão acontecendo à superfície que apelam à nossa vontade de nos metermos nelas, porque atuais e verdadeiramente importantes. É o caso candente da polémica reanimadora pela recente alteração ao calendário e à natureza da avaliação no ensino nacional.
Para quem viveu um par de anos não aconteceu nada de novo. O que aí vem já foi e há-de deixar de ser em breve. Porque se intenta encontrar as soluções para o sistema educacional do mesmo modo que já se provou não ser por aí. Com o mesmo propósito que se motivou todos quantos, impelidos pelo mesmo ideal, alteraram o regime avaliativo anterior à sua chegada ao poder.
Tanto os que vieram e se foram, como todos quantos aí estão, e mais os que hão-de surgir, vão “formar medidas” para que os portugueses sejam cada vez mais capazes, mais inteligentes, mais cultos – mais educados no sentido mais lato do termo. E a verdade é que não ficam.
Tantos uns como outros – os que já foram, os que são e os que hão-de vir – retomarão, hereditariamente os mesmos processos, imporão as mesmas regras, enunciarão os mesmos princípios. E as conclusões, sabemo-lo bem, serão inexoravelmente as mesmas – isto está na mesma ou pior.
Apesar disso, continuaremos todos a ter alguma esperança que agora é que é, esquecendo que é o que é agora, já foi.
Nos continuamos, teimosamente, a pisar os mesmos caminhos, recorrendo às mesmas práticas, e a surpreendermo-nos por que razão obtemos os mesmos resultados.
Não seria mais inteligente procurarmos novas soluções em outras focalizações educativas, uma vez que, ciclicamente, retomamos o fracasso e a desilusão à espera daí, retirarmos êxito e sucesso?
No próximo encontro vou falar-vos de reuniões de avaliação de que fiz parte ao longo de trinta e cinco anos.
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