Numa conferência de imprensa marcada por explicações detalhadas e críticas à oposição, o presidente reeleito da Câmara Municipal de Elvas, Rondão Almeida, defendeu esta terça-feira, dia 28 outubro, o acordo político com o Partido Socialista, que irá levar à nomeação de Nuno Mocinha para o cargo de vice-presidente do município. O autarca afirmou que a decisão foi tomada “em consciência e pelo bem de Elvas”, após um período de reflexão entre 12 e 19 de outubro, rejeitando quaisquer acusações de falta de transparência ou de negociação prévia por cargos.
O presidente da Câmara Municipal de Elvas, Rondão Almeida, reeleito nas autárquicas de 12 de outubro, esclareceu esta terça-feira, em conferência de imprensa, os motivos que o levaram a celebrar um acordo político com o Partido Socialista (PS), que irá resultar na nomeação de Nuno Mocinha para o cargo de vice-presidente do município.
O autarca começou por revelar que, após as eleições, viveu um período de reflexão entre 12 e 19 de outubro, no qual decidiu “estar calado e atento às redes sociais e às forças políticas eleitas”, observando as posições do Chega, PS e AD (PSD/CDS-PP).
Segundo Rondão, foi nesse contexto que tomou nota de duas intervenções públicas: uma do vereador eleito pelo Chega, José Eurico Malhado, que afirmou “vou durante quatro anos para treinar, com o objetivo de vir a ser presidente da Câmara Municipal de Elvas”, e outra da vereadora da AD, Margarida Paiva, que declarou “serei vereadora, mas não irei aceitar qualquer pelouro”.
Processo de auscultação


Rondão Almeida explicou que, findo o período de reflexão, decidiu ouvir individualmente as forças políticas com representação na Câmara, “para procurar linhas de união e definir propostas para o futuro executivo”.
No dia 19 de outubro, enviou convites para reunião a José Eduardo Gonçalves “Bi” (quem Rondão considera ser o representante do Chega), Nuno Mocinha (PS) e Margarida Paiva (AD). As três forças responderam positivamente, e o processo de auscultação começou no dia 22 de outubro.
“O primeiro a mostrar-se disponível foi o Bi Gonçalves, um homem 100% independente e disponível para trabalhar por Elvas. Aqui, a democracia funcionou em pleno – não houve conversas sobre entendimentos, apenas escuta e respeito”, afirmou o presidente.
Conversas com o Chega
Mais tarde, no mesmo dia, Rondão Almeida manteve uma conversa com José Eurico Malhado, também do Chega.
Segundo relatou, Malhado “abriu portas por completo para ser vereador” e “mostrou desentendimento com a estrutura que representa, afirmando que ninguém lhe dá ordens”.
Durante uma chamada telefónica, Malhado questionou Rondão sobre os pelouros que seriam atribuídos a si e à vereadora eleita pelo Chega, Elsa Dourado, e “levou a conversa mais longe, perguntando se a vice-presidência não lhe podia ser entregue”.
Perante essa pergunta, Rondão Almeida garantiu ter sido firme:
“Terminei a conversa. A vice-presidência só pode ser entregue após a tomada de posse. Quero que as negociações sejam claras e transparentes.”
O autarca reforçou ainda:
“Nunca houve conversas sobre vice-presidência ou Assembleia Municipal com este senhor. Se for necessário, recorrerei ao Ministério Público para tornar pública essa gravação.”
E concluiu:
“Não posso consentir que alguém venha dizer algo que nunca se passou. Não há nada de puro e honesto no comportamento deste cavalheiro nas redes sociais.”
Reuniões com PS e AD
No dia 24 de outubro, Rondão reuniu com o PS e, no domingo seguinte, com Margarida Paiva, da AD, num encontro que decorreu “num ambiente cordial, entre as 16h e as 18h de domingo”.
Sobre essa reunião, o presidente afirmou:
“A doutora Margarida teve um comportamento exemplar. Ouvimos as intenções um do outro e ficou tudo entre nós. Foi democracia pura e honesta.”
Decisão final e escolha do PS


Na sexta-feira seguinte, Rondão reuniu com os elementos do seu Movimento Cívico por Elvas , e nesse encontro tomou a decisão final.
“Foi uma decisão pessoal, mas com o apoio do Movimento (…) O entendimento entre o Movimento e o PS é o acordo perfeito, com respeito pelos eleitores. Juntos temos 6 mil votos.”
O autarca confirmou quando questionado que Nuno Mocinha, ex-presidente da Câmara e seu antigo vice-presidente, será o novo vice-presidente do município, justificando a escolha “pela sua experiência autárquica de 12 anos a trabalhar comigo e mais oito como Presidente”.
Quando confrontado com declarações recentes em que afirmara que Nuno Mocinha “nem para vereador servia” e “nunca poderia estar à frente da gestão da coisa pública”, Rondão Almeida desvalorizou o tom das palavras proferidas, sublinhando que “em tempo de campanha dizem-se diversas coisas que devem ficar no passado”. O autarca acrescentou que Nuno Mocinha é, hoje, o homem certo para o desempenho das funções de vice-presidente, justificando a escolha com a experiência autárquica e o conhecimento profundo da gestão municipal que o socialista demonstrou ao longo dos anos em que integrou o executivo camarário.
Reação interna e futuro executivo
Questionado sobre a reação dentro do Movimento, Rondão afirmou que Hermenegildo Rodrigues, número dois da lista, “está super realizado e super satisfeito, porque quer cumprir o projeto do movimento na qualidade de vereador”.
O presidente garantiu ainda que as distribuições de pelouros já estão praticamente definidas, mas só serão conhecidas após a tomada de posse. Confirmou também que Cláudio Monteiro será o novo chefe de gabinete da presidência.
Sucessão e estabilidade
Rondão Almeida aproveitou para esclarecer ainda a questão da sucessão na presidência, em cenário de abdicação de mandato:
“Se houver uma ausência temporária, assume o vice-presidente. Se for definitiva, sobe o número dois do Movimento (Hermenegildo Rodrigues). Mas se algum dia isso acontecer, a minha vontade é devolver a palavra à população.”











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