Alentejo acolhe o primeiro santuário de elefantes da Europa
Projeto pioneiro entre Alandroal e Vila Viçosa representa um marco na conservação animal e na regeneração ecológica.
Foi hoje, 6 de novembro, apresentado oficialmente, no coração do Alentejo, o primeiro santuário de elefantes em grande escala da Europa. Localizado entre os concelhos de Alandroal e Vila Viçosa, o projeto da responsabilidade da Pangeia, em coloração com os dois municípios, nasce num terreno de 402 hectares, adquirido em 2023, e foi concebido para acolher elefantes resgatados de cativeiro, promovendo simultaneamente a recuperação da natureza e o aumento da biodiversidade.
“Um projeto extraordinário, único a nível europeu”
Durante a apresentação, João Grilo, presidente da Câmara Municipal de Alandroal, recordou o momento em que conheceu a proposta apresentada através de Kate Moore, Diretora-Geral da Pangea, entidade responsável pelo projeto Pangeia.
“Há cerca de três anos que a Kate me apresentou esta ideia e achei extraordinário. Como professor de Biologia e agora como autarca, que tanto tempo passei a ensinar a importância da conservação e do respeito pela natureza, considero este um projeto extremamente interessante e alinhado com as prioridades do nosso território.”
O autarca sublinhou que o santuário é uma solução para animais em cativeiro, mas também uma oportunidade para o desenvolvimento local.
“Traz vantagens para a comunidade, nomeadamente para a área educativa, envolvendo jovens e crianças em experiências e oportunidades com realidades diferentes”, acrescentou.
João Grilo manifestou igualmente a vontade de criar um Centro Interpretativo do projeto, fora da área da área de influência da Herdade.
“Não é um parque temático, nem é objetivo ter grande número de visitantes. Portanto, pretendemos criar esse centro num local neutro que não perturbe a tranquilidade do Santuário. Alandroal já disponibilizou a área!, referiu.
Biodiversidade, ciência e regeneração
A área de 402 hectares foi cuidadosamente estudada em termos de clima, solo, relevo, habitat e disponibilidade hídrica, garantindo condições ideais para o bem-estar dos elefantes e para o equilíbrio dos ecossistemas locais.
O projeto prevê pastagens biodiversas, florestas resilientes e sistemas de regeneração natural dos recursos, favorecendo tanto a fauna nativa como os futuros residentes do santuário.
O primeiro elefante, chamado Kariba, natural do Zimbabué e residente há 14 anos num zoológico da Bélgica, deverá chegar ao Alentejo em 2026.
A Universidade de Évora já manifestou interesse em colaborar, reforçando a componente científica e educativa da iniciativa.
“Um investimento que não vem para explorar, mas para conservar”
Graça Fonseca, ex-ministra da Cultura e membro do Conselho de Desenvolvimento do projeto, destacou a importância simbólica e ética da Pangeia:
“Este é um projeto muito especial para o Alandroal, Vila Viçosa e para Portugal. É um investimento integralmente estrangeiro que não vem para o turismo, não vem para ocupar nem extrair, mas para conservar património. Centenas de elefantes na Europa não têm solução e, pela primeira vez, passam a ter onde viver.”
“A forma como nos relacionamos com os animais diz tudo sobre nós enquanto sociedade. Este é um dia histórico que posiciona Portugal no mundo como exemplo de humanidade e cuidado”, concluiu.
“Dar aos elefantes em situação vulnerável um lugar onde possam viver pacificamente”
Segundo Kate Moore, Diretora-Geral da Pangea, a iniciativa visa criar um refúgio permanente para elefantes em situação vulnerável:
“O nosso objetivo é dar aos elefantes em situação vulnerável um lugar onde possam viver pacificamente – em amplos espaços naturais onde possam deslocar-se livremente, alimentar-se e socializar, tal como fariam no seu habitat selvagem. Os municípios de Alandroal e Vila Viçosa, juntamente com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, têm sido fundamentais para tornar esta visão realidade, e estamos profundamente gratos pelo seu apoio.”
Parcerias e visão futura
Inácio Esperança, presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, sublinhou o alinhamento do projeto com as políticas ambientais locais:
“É um projeto que agradou desde o início, embora com reservas quanto à sua concretização. Os elefantes ainda não chegaram, mas acreditamos muito que cheguem em breve. É uma oportunidade única para atrair novos negócios e pessoas.”
Paralelamente, o Alandroal prepara a candidatura do Vale do Lucefécit à UNESCO, reforçando a estratégia regional de conservação e valorização ambiental.
Arte, símbolo e embaixadora da causa
A artista plástica Joana Vasconcelos, embaixadora deste projeto, apresentou simbolicamente a primeira manta concebida para os elefantes.
“Este é um território digno. O que aqui acontece é um exemplo para a Europa e para o mundo. É um momento simbólico, mas histórico, para a região e para todo o país”, afirmou.
Um novo capítulo para o Alentejo e para a Europa
Com o santuário dos Elefantes, o Alentejo torna-se pioneiro na reconciliação entre humanidade e natureza, oferecendo um espaço de convivência, regeneração e esperança.
Este projeto alia conservação, ciência, educação e ética ambiental, colocando Portugal no mapa mundial da proteção animal e inaugurando uma nova era para os elefantes europeus e para todos os que acreditam na coexistência com respeito e equilíbrio.
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