200 empregos, 40 polícias e água 15% mais barata: Mocinha quer virar a página em Elvas
Candidato socialista coloca as pessoas no centro da sua candidatura e promete ouvir mais os elvenses, com medidas para criar emprego, reforçar a segurança e baixar a fatura da água.
Mocinha promete 200 novos postos de trabalho com expansão da zona industrial de Elvas
Emprego como prioridade eleitoral
Nuno Mocinha, candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal de Elvas nas próximas eleições autárquicas, colocou o tema do emprego e da captação de empresas no centro das suas prioridades eleitorais. Aos 53 anos, na sua quarta candidatura ao município, o economista que já liderou os destinos da autarquia durante oito anos, garante que a criação de postos de trabalho não será apenas uma promessa eleitoral, mas um compromisso assente em regras concretas.
“Não é uma promessa que fica por cumprir”
Questionamos o candidato sobre a sua proposta que prevê a criação de 200 novos postos de trabalho através da ampliação da zona industrial de Elvas, com a disponibilização de 20 novos lotes para empresas.
Pedimos esclarecimentos sobre a forma como pode garantir que esses terrenos se vão traduzir efetivamente em empresas a funcionar e em emprego sustentável, e não apenas numa promessa dependente de eventuais investidores que podem nunca se vir a concretizar.
“Comprometemo-nos com o alargamento da zona industrial porque ela já não dá resposta à procura existente. Não se trata, portanto, de uma promessa vaga. A zona industrial esgotou e é necessário ampliá-la para dar resposta a empresas que querem instalar-se ou expandir-se”, justificou.
20 novos lotes industriais
“Porquê é que podemos garantir a criação de emprego?”, questionou o candidato.
“Porque os lotes são municipais e têm regras para a sua alienação. Só são vendidos mediante o cumprimento dessas regras, nomeadamente a obrigatoriedade de criação de postos de trabalho. Temos vários exemplos: em situações anteriores, os lotes foram vendidos a preços bonificados, mas com compromissos concretos de emprego.
No caso dos 20 novos lotes, exigiremos, no mínimo, a criação de 10 postos de trabalho por cada lote. No total, falamos de pelo menos 200 novos empregos, o que considero até uma estimativa prudente. Se fosse apenas por eleitoralismo, poderia prometer centenas de postos de trabalho, mas prefiro apresentar metas realistas”.
Vantagens logísticas de Elvas
Mocinha prosseguiu apresentado a sua estratégia para alcançar “mais emprego e empresas”:
“Além disso, Elvas dispõe de condições logísticas únicas. Temos a plataforma logística, a interposta aduaneira e a intermodalidade ferroviária e rodoviária. Isto significa que um contentor pode chegar de comboio a Elvas, ser desalfandegado aqui e só sair quando o cliente necessitar. Ao lado dessa estrutura, podem instalar-se empresas como a Transitex ou outras de logística ibérica, que encontram aqui oportunidades que não têm noutras zonas.
É pena que Elvas não tenha explorado este potencial mais cedo, mas acreditamos que ainda vamos a tempo de o aproveitar”, argumentou Nuno Mocinha à nossa entrevista.
Incentivos fiscais ao investimento
Outra das medidas defendidas pelo socialista passa por tornar o concelho mais atrativo ao investimento através de um pacote fiscal direcionado para as empresas:
“Outro ponto essencial é o pacote fiscal que propomos para o tecido empresarial. Queremos avançar com bonificações ou isenções em licenças de construção e utilização para quem investir e criar emprego”, referiu.
Mocinha lembrou o caso recente de uma empresa que, “com 16 trabalhadores, investiu cerca de dois milhões de euros na expansão da sua atividade, mas teve de pagar 200 mil euros em licenças de utilização à Câmara de Elvas”.
“Se conseguirmos isentar ou bonificar este tipo de taxas, os empresários terão mais incentivo para investir e ampliar as suas operações em Elvas”, explicou.
Criar condições, não substituir empresários
“O papel da Câmara não é substituir os empresários, mas sim criar condições e incentivar”, sublinhou o candidato, que acredita que Elvas reúne os recursos logísticos e fiscais necessários para captar investimento e gerar novos empregos sustentáveis.
Mocinha acusa atual executivo de perder milhões em investimento e defende plataforma logística como oportunidade para Elvas
O candidato socialista criticou a falta de estratégia da Câmara e garantiu que a cidade deve apostar em complementaridade com Badajoz, em vez de rivalidade.
Mocinha voltou a colocar a logística e o investimento empresarial no centro das suas propostas para o futuro do concelho. O ex-presidente da autarquia defendeu a viabilidade da plataforma logística existente, salientando que “se existe há tantos anos é porque é viável, caso contrário já tinha fechado”.
O socialista considera que a atração de empresas depende, em grande parte, da criação de infraestruturas. “Se não criarmos as condições, os empresários não se interessam. Mas se tivermos as infraestruturas, os investidores aparecem”, afirmou, rejeitando a lógica de competição com Badajoz. “Não estamos a competir com Badajoz, nem podemos colocar-nos nessa posição. Esse raciocínio é do antigamente. Badajoz é nosso parceiro e temos de vê-lo numa perspetiva de complementaridade.”
Oportunidades Perdidas: “6 milhões de euros ao final de três meses do PS ter perdido as eleições”
Entre as críticas à atual gestão, Mocinha apontou o caso da Herdade da Comenda, que, segundo diz, “está abandonada há vários anos”:
“Passaram quatro anos a falar da Herdade da Comenda e lá existe zero. Desde o início avisei que, sendo Rede Natura, o financiamento seria muito difícil, porque Rede Natura e fundos comunitários raramente casam bem”, frisou.
O candidato defende que a aposta deveria ter sido feita nos terrenos adjacentes à plataforma logística. “Quando o PS era governo comprámos parte desses terrenos, cerca de 20 mil metros quadrados. A atual Câmara continuou essa estratégia, mas só neste último ano de mandato. Se tivesse dado seguimento desde o início, hoje já tínhamos parte das infraestruturas prontas.”
Mocinha vai mais longe e acusa o executivo de ter perdido oportunidades de financiamento comunitário. “A Câmara de Elvas perdeu 6 milhões de euros ao final de três meses do PS ter perdido as eleições”, acusou, referindo-se à verba destinada à requalificação da zona industrial. Também lamenta que não tenha sido aproveitada uma iniciativa da Comissão Europeia, com apoios até um milhão de euros, para a criação de parqueamento de camiões, no âmbito do programa rede transeuropeia de transportes.
Oportunidades ganhas
Um exemplo de oportunidade aproveitada no seu mandato foi o laboratório colaborativo CoLAB InnovPlantProtect (InPP), do Pólo de Elvas do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) que, segundo o candidato, resultou de “um trabalho de articulação com várias entidades e ministérios” e que permitiu dar nova vida a um organismo estatal que se encontrava parado.
Elvas perdeu redes de contatos
Mocinha lembra ainda o papel de Elvas em instâncias nacionais durante o seu mandato. “Na altura, Elvas tinha representação no Conselho Diretivo da Associação Nacional de Municípios e na Comissão Nacional da UNESCO. Hoje não tem. Essas redes de contactos foram-se desmoronando após as eleições.” Para o socialista, o afastamento dos fóruns de decisão teve custos concretos. “Não podemos vangloriar-nos de poupar 500 euros por não ir a um congresso. É nesses encontros que se criam relações, que se antecipam diplomas e que se preparam estratégias.”
Foi o caso da Estratégia Local de Habitação, elaborada ainda em 2018, antes da publicação dos diplomas nacionais, e assinada em 2021. “Graças a esse trabalho conseguimos avançar com o programa Primeiro Direito e hoje está a ser possível concretizar projetos de habitação em Elvas”, lembrou.
Para o candidato socialista, o futuro de Elvas depende de uma Câmara “presente a todos os níveis, capaz de atrair investimento e de manter relações institucionais sólidas”.
Nuno Mocinha promete baixar em 15% a fatura da água em Elvas
O candidato socialista à Câmara Municipal de Elvas, Nuno Mocinha, anunciou, na apresentação do seu programa eleitoral, uma redução de 15% na fatura da água. Mas esclarece nesta entrevista: “Eu nunca disse que ia baixar a água, eu disse que ia baixar a fatura da água e isso é diferente.”
Segundo Mocinha, a descida será conseguida através da componente dos resíduos sólidos urbanos, que é da responsabilidade da Câmara, e não diretamente na parte da água concessionada à Aquaelvas.
“A fatura da aquaelvas tem duas componentes: a do consumo de água e a dos resíduos sólidos urbanos (que corresponde à Câmara) (…) e é na componente correspondente à câmara que podemos poupar muito dinheiro e fazer baixar a fatura da água. Ou seja, através da diminuição da fatura do lixo pode-se baixar a fatura global”, explicou.
Resíduos: a chave da poupança
O socialista considera que a solução está nos bio resíduos:
“À minha porta eu tenho dois contentores de resíduos urbanos e um de bio resíduos, que de bio resíduos só tem um nome, porque depois juntam-se todos no mesmo carro. O sistema tem de funcionar. Não podemos pôr contentores e fingir que estão a funcionar.”, exemplificou.
Mocinha compromete-se a reorganizar o sistema de recolha: “Isto tem de levar tudo uma volta. Temos de otimizar rotas, mudar os contentores e olhar para isto com um olhar profissional.”
Defende ainda o regresso de contentores subterrâneos ao centro histórico, substituídos por sistemas mais modernos e eficientes.
Cumprir o contrato com a Aquaelvas
O candidato admite que não é possível terminar o contrato de concessão da água, iniciado em 2009, mas garante que a solução está no cumprimento rigoroso do contrato:
“Se algum candidato meter na cabeça terminar o contrato com a Aquaelvas, quando perceber o valor da indemnização, mais vale ficar quieto. O que tem de fazer é fazer-se cumprir o contrato, que é o que não está a acontecer.”
Mocinha critica ausência da comissão de acompanhamento, criada para fiscalizar a concessionária:
“A comissão de acompanhamento, pura e simplesmente, não funciona. Se deixarmos uma concessão andar ao Deus dará, obviamente que a concessão vai reagindo conforme pode, mas não tem ninguém a pressionar.”
Perdas de água superiores a 40%
O candidato alerta também para as fugas de água na rede:
“Quando se fez a concessão, pensámos que se tratassem das fugas, dava para pagar o lucro deles (aquaelvas) à vontade e enriqueciam na mesma. Agora, ainda há pouco tempo soube que estamos, outra vez, com perdas de água superiores a 40%. Então, como é que se quer que a fatura da água não aumente?”
Risco de aumentos no futuro
Mocinha acusa a atual gestão da Câmara de não aplicar corretamente os aumentos previstos no contrato:
“Nos últimos quatro anos, a Câmara nunca cumpriu o que devia fazer no contrato. Deviam ter aumentado cinco, aumentaram dois, por exemplo. O que significa que o próximo presidente de Câmara, se aparecer uma inspeção, pode ser obrigado a corrigir os valores todos. Nesse caso, a água não desce 15%, sobe 15%.”
E deixa o alerta: “Se continuarmos nesta gestão, vai haver subidas e grandes na água.”
Nuno Mocinha promete baixar impostos mas recusa comprometer-se com percentagens
“Não consigo dizer neste momento quanto é que vou reduzir, porque não sei como estão as finanças da Câmara”
O candidato do Partido Socialista à Câmara Municipal de Elvas, Nuno Mocinha, defende uma política de menos IMI, menos IRS e eliminação da derrama. No entanto, quando questionado pela Perspetiva sobre os valores concretos e duração das reduções, preferiu não avançar com percentagens.
“Quando fazemos isto, a ideia é dizer que estamos disponíveis para a redução, porque eu não consigo dizer neste momento quanto é que vou reduzir, porque eu não sei como estão as finanças da Câmara.”
Situação financeira em debate
Mocinha rejeita as críticas de que deixou a autarquia falida em 2021 e garante que a situação era inversa:
“Quando saí deixei lá 3 milhões no banco e, se naquele dia se pagasse tudo e se recebesse tudo, sobravam 2 milhões de euros limpos.”
Já quanto ao presente, o candidato relativiza os números divulgados:
“Hoje em dia diz-se que estão lá 12 milhões. Não são 12, são 8. Mas, admitindo que estão lá 12, ok. Se tivermos de pagar o empréstimo dos 60 fogos, são 7 milhões. Já só ficam 5. Se tivermos de pagar as piscinas de Vila Boim, 1 milhão. Se tivermos de pagar o Lar de Santa Eulália, 1 milhão e meio. O centro de dia da Aldeia da Cruz, mais 1 milhão. Já são 3 milhões e meio. Portanto, dos 5, já só sobra 1 milhão e meio.”
Encargos da Câmara
O socialista alerta ainda para o peso das dívidas atuais:
“Diz-se que o Mocinha, quando saiu da Câmara, deixou encargos de 8 milhões. Mas a Câmara, neste momento, tem encargos superiores a 50 milhões.”
Por isso, considera prudente esperar:
“É melhor deixar passar as eleições, ver os compromissos assumidos e o que é que se pode fazer, e depois avançar com um valor concreto.”
Benefícios fiscais para jovens e proprietários responsáveis
Apesar de não fixar números, Mocinha assume a prioridade:
“É interesse desta candidatura reduzir o que os jovens vão pagar de IRS e IMI? Sim.”
Sobre o IMI, o candidato detalha que a política fiscal poderá ser usada para incentivar a reabilitação urbana:
“Existe forma legal de ajustar a taxa de IMI à atitude dos proprietários. Um proprietário que cuide do seu prédio pode pagar menos IMI e até ter uma isenção. Ao contrário de um proprietário que não cuide do seu prédio, pode ter um IMI agravado.”
Nuno Mocinha quer mais habitação para jovens em Elvas
Candidato socialista à Câmara Municipal aposta em mais 100 fogos e loteamentos municipais
A habitação foi também um dos temas centrais da entrevista de Nuno Mocinha, candidato do PS à Câmara Municipal de Elvas nas próximas eleições autárquicas. O socialista defende um conjunto de medidas que passam pela reabilitação de prédios no Centro Histórico e a criação de loteamentos municipais nas freguesias rurais.
Mais 100 fogos, com prioridade aos jovens
Mocinha garante que 50% dos novos fogos serão destinados a jovens. E explica como pretende reforçar a oferta:
“Há muitas maneiras de fazer isto. Desde logo adquirindo casas aqui no Centro Histórico, que estejam abandonadas e que a Câmara já adquiriu algumas, mas ainda existem muitas por adquirir. E aí fazer as obras e vender, realojar, arrendar. Enfim, há várias formas.”
Loteamentos nas freguesias rurais
O candidato socialista considera fundamental que as freguesias tenham lotes disponíveis para atrair famílias.
“Algumas freguesias rurais precisam de ter mais lotes disponíveis, e há algumas que nem os têm. Por exemplo, em São Brás e São Lourenço existe a possibilidade de ter dois loteamentos que podem vir a ser vendidos a jovens, a preços de custo. Dou também o exemplo da freguesia de Vila Boim.”
Ainda assim, Mocinha não se compromete com números:
“Isso é estar a especular. Para isso era preciso já ter os terrenos comprados e isso não é possível fazer.”
A influência no mercado imobiliário
A criação de lotes municipais, sublinha o candidato, terá impacto direto nos preços de venda:
“Se houver oferta pública, o mercado também tem de acompanhar.”
O exemplo da Estrada de Santa Rita
Recordando a aquisição de vários apartamentos num prédio na Estrada de Santa Rita, na cidade de Elvas, Mocinha critica a demora na sua reabilitação:
“Esse prédio já devia estar mais do que construído e entregue a jovens casais. Quando o adquirimos estava abandonado. Compramos a bom preço e fazia falta habitação. A ideia era adquirir, construir e vender a preço de custo. Se na altura tivesse sido feito, os apartamentos não tinham de ser vendidos por 200 mil euros, como já ouvi. Por muito menos que 100 mil seriam vendidos.”
“A gestão dos 60 Fogos tem de ser muito bem pensada”
Relativamente à obra dos 60 fogos na Quinta dos Arcos para rendas acessíveis, já em fase de conclusão, Mocinha é claro:
“A gestão dos 60 Fogos tem de ser muito bem pensada. Se eu for eleito presidente, se eu tiver dinheiro, no dia a seguir pago logo o empréstimo para ficar liberto de qualquer tipo de condições daquelas casas. E provavelmente metade vendo-as.”
Incentivos à construção e reabilitação
A candidatura socialista propõe também medidas de incentivo à construção a custos controlados, reabilitação de prédios no Centro Histórico e isenção de taxas de construção e licenciamento em 2026, para captar investimento privado.
“É só para 2026, para já, para incentivar o investimento. E depois avaliar o incentivo e, se for o caso disso, prolongá-lo.”
“Não é com festas e festinhas que se faz o desenvolvimento”
Nuno Mocinha reforça que a prioridade passa por fixar jovens no concelho, não por estratégias que considera superficiais:
“Não é com festas e festinhas que se faz o desenvolvimento do concelho. Temos de segurar os jovens que cá estão e atrair outros, se possível. O concelho desenvolve-se a todos os níveis. Temos de ter boa saúde, boa habitação e boas escolas.”
Nuno Mocinha ambiciona mais investimento na saúde em Elvas
Candidato socialista defende requalificação do Hospital de Santa Luzia, unidade de hemodiálise e transportes gratuitos para freguesias rurais
O candidato socialista defende mais investimento na requalificação e ampliação do Hospital de Santa Luzia e dos Centros de Saúde, transporte gratuito para os utentes das freguesias rurais e uma resposta local para doentes sujeitos a hemodiálise.
Hemodiálise em Elvas
O socialista recorda que já tinha sido incentivada a criação de uma unidade de hemodiálise no edifício da Cruz Vermelha, mas o projeto não avançou.
“Na altura incentivámos o investimento no edifício da Cruz Vermelha e estava tudo à espera que abrisse aqui uma unidade de hemodiálise, mas alguma coisa correu mal. Estou convencido que se podem criar novamente as condições, desde que o município se envolva com entidades que possam colaborar.”
Mocinha sublinha que o objetivo é claro:
“Os doentes de Elvas e Campo Maior não têm de ir a Portalegre fazer o tratamento. Já basta a agressividade da hemodiálise, quanto mais o transporte.”
Hospital e Centros de Saúde: “Não me digam que não conseguem arranjar forma de pintar o hospital”
O candidato socialista recorda o protocolo assinado, durante o seu mandato, com a ULS do Alto Alentejo, que previa a comparticipação municipal em obras de requalificação.
“Comprometíamo-nos em atribuir até 100 mil euros na recuperação do Centro de Saúde. Numa candidatura apoiada em 75%, 100 mil já dá para fazer uma obra de 400 mil. É pena que seja só quatro anos depois.”
Quanto ao hospital, Mocinha é crítico da atual gestão autárquica:
“Não me digam que não conseguem arranjar forma de pintar o hospital. Ouvi este Executivo, nomeadamente o Presidente, dizer várias vezes que não mete no hospital nem um cêntimo. E agora veio dizer que foi ele que fez a clínica de alta resolução. Não foi nada. Zero. Até o serviço de apoio domiciliário inaugurado pela Ministra vem do mandato anterior.”
E acrescenta:
“Se vamos a um hospital privado em Lisboa, parece que entramos num hotel. Porque é que o Estado não há-de ambicionar o mesmo em Elvas?”
Unidade de Cuidados Intermédios
No programa socialista está também prevista a concretização de uma Unidade de Cuidados Intermédios, possibilidade já equacionada pela Unidade Local de Saúde.
“Eles já disseram que gostavam de criar condições, até nas antigas instalações da maternidade. Eu não sei se será a melhor opção. Podemos pegar no hospital, ver as valências que tem e fazer um novo projeto. Já tínhamos pedido ao SUCH um projeto de adaptação e ampliação do hospital.”
Segundo Mocinha, o levantamento feito no último mandato concluiu que o parque de estacionamento é da Câmara e poderia integrar o projeto de expansão.
Estratégias e financiamento europeu
Questionado sobre a forma de financiar uma requalificação de grande escala, o candidato aponta para parcerias transfronteiriças e fundos europeus:
“Hoje em dia existem estratégias para tudo e parcerias de fronteira. O maior bolo de dinheiro está na Comissão Europeia. É preciso estar atento às oportunidades.”
“É preferível criarmos condições, mesmo sendo menos simpáticos”
Mocinha reconhece algumas limitações enquanto presidente no contacto próximo com a população, deixando uma espécie de mea-culpa:
“Podemos ser muito simpáticos, mas se não houver condições e emprego, as pessoas vão fazer vida para o outro lado. É preferível criarmos as condições, mesmo às vezes sendo menos simpático. Peço desculpa a todos os elvenses. Há uma forma de gerir que não nos permite estar em todo o lado. Para isso é que existem vereadores. Isto é uma equipa.”
Nuno Mocinha quer criar Polícia Municipal em Elvas
Candidato socialista defende corpo com mais de 40 agentes para reforçar sensação de segurança na cidade
A segurança é outro dos pontos fortes do programa do candidato socialista à Câmara Municipal de Elvas, Nuno Mocinha. O PS propõe a criação de uma Polícia Municipal, em articulação com as forças de segurança já existentes no concelho.
“Gostava de ter mais de 40 polícias municipais”
Mocinha admite que a medida exige coragem política e investimento direto da autarquia, mas considera fundamental aumentar a presença de agentes nas ruas:
“Este projeto pode ser concretizado desde que a Câmara tenha a iniciativa, depois o parecer do Ministério da Administração Interna e a aprovação da Assembleia Municipal. Gostava de ter mais de 40 polícias municipais.”
Reforçar a segurança, sem substituir a PSP
Apesar de reconhecer que Elvas é uma cidade segura, o candidato destaca que a perceção nem sempre corresponde à realidade.
“Embora Elvas seja uma cidade segura, às vezes, como não se vê a presença contínua dos agentes em determinados sítios, diz-se que a sensação de segurança não é boa. Podemos contrariar isto tendo mais agentes.”
Para Mocinha, a Polícia Municipal não substitui a PSP, mas complementa-a:
“Não quero que se crie a ideia que, ao criar a Polícia Municipal, se perde a outra, nomeadamente a PSP. Não. Só há uma forma de ajudar a PSP. Não temos competência a nível da PSP, mas podemos ter a nossa polícia. Estes agentes podem ajudar a PSP.”
Competências e funções da futura Polícia Municipal
Segundo o candidato, a Polícia Municipal será sobretudo administrativa, mas terá presença ativa no espaço público:
“Cumpre regulamentos municipais, têm competências no trânsito, na segurança dos equipamentos municipais, na praça pública e na ordem pública. E pode, inclusive, se vir que está a acontecer um crime, travar esse crime e chamar a PSP. Não pode prender, mas pode chamar a polícia competente.”
E acrescenta:
“É uma polícia fardada e que faz presença. Podemos tê-la, por exemplo, nas ruas do comércio de Elvas.”
Custos e prioridades
Mocinha não esconde os valores envolvidos na criação da Polícia Municipal:
“Pode custar instalar a Polícia Municipal em Elvas à volta de um milhão e depois, anualmente, dependendo do número de elementos, entre um milhão e um milhão e meio por ano.”
O candidato socialista deixa o aviso aos eleitores:
“Temos de ter cuidado quando vamos votar. Temos de conhecer efetivamente as propostas. Esta é uma proposta concreta do PS: criar a Polícia Municipal. E só conseguimos concretizá-la controlando a Câmara e a Assembleia Municipal.”
“Antes de baixar impostos, as pessoas preferem estar seguras”
Ao longo da entrevista, Nuno Mocinha mostrou-se cauteloso quando questionado sobre as reduções exatas que propõe em matéria fiscal. O candidato socialista já tinha admitido querer avançar com essas medidas, mas sem nunca especificar valores nem duração, ou seja se seriam cortes a aplicar em todo o mandato, apenas no primeiro ano ou de forma gradual.
Na segurança, porém, Mocinha compromete-se de forma clara com números e investimento.
“Pode custar instalar a Polícia Municipal em Elvas à volta de um milhão e depois, anualmente, dependendo do número de elementos, entre um milhão e um milhão e meio por ano.”
E justifica esta opção:
“Há prioridades. As pessoas, antes de terem a redução do IMI, preferem estar seguras. Fazer a gestão de uma Câmara é tomar decisões, não é fazer tudo o que queremos. Os recursos são escassos e, por isso, têm de se fazer opções.”
O candidato concluiu lembrando que o programa do PS vai para além de um ciclo autárquico:
“O programa do PS não é para executar em quatro anos. É a longo prazo. Há projetos que são de uma vida inteira.”
“Os compromissos são para cumprir”
Nuno Mocinha garante continuidade do protocolo com a Escola Superior de Biociências de Elvas
O candidato socialista promete um parque escolar 100% requalificado, mais cursos de ensino superior e reforço da rede de creches no concelho.
Compromisso com o ensino superior
O candidato recorda que a cedência do espaço à Escola Superior de Biociências de Elvas, instalado na antiga Escola EB 2,3, só foi possível graças às obras realizadas no último mandato.
“A Câmara cedeu à Escola Superior um espaço na antiga Escola EB 2,3 de Elvas. E porquê que o cedeu? Porque existia. E só existe porque no último mandato se fez uma nova escola. Caso contrário, os alunos ainda estariam nas antigas instalações e não havia espaço para a Escola Superior de Biociências. É bom que as pessoas saibam isto.”
E reforça a garantia de continuidade:
“Nós vamos cumprir os compromissos assumidos da Câmara Municipal em colaborar com a Escola Superior. Se foi assinado um protocolo, é para cumprir. Nós não pensamos como outros, em que os protocolos que vêm detrás não são para cumprir. Este protocolo é para cumprir.”
Ensino superior para fixar jovens em Elvas
Para Mocinha, a aposta no ensino superior é também um investimento na fixação da população mais jovem no concelho:
“Os alunos que ficam em Elvas, que fazem o ensino superior, ficam porque têm um contexto para se agarrar: os amigos, a vivência, a urbanidade, a habitação que possam pagar, ter onde deixar os filhos.”
Mais vagas em creches
No plano para a educação, o candidato socialista aponta ainda para a criação de novas vagas em creches, identificando-as como uma prioridade para apoiar famílias jovens.
“O estudo do levantamento do número de vagas em creches que faltam ainda está a ser feito. Mas estou convencido que entre 150 a 200 novas vagas serão necessárias.”
Bolsas de estudo até 300 euros por mês
A candidatura do PS em Elvas propõe ainda aumentar o valor das bolsas de estudo municipais, dos atuais 150 euros para 300 euros por mês, além de eliminar o trabalho obrigatório gratuito associado a estas bolsas.
Questionado sobre o impacto financeiro da medida, Nuno Mocinha respondeu de forma incisiva:
“Se existe sustentabilidade económica para pagar um concerto que durou duas horas e custou mais de 200 mil euros na Praça da República, existe também sustentabilidade económica para pagar mais 200 ou 300 mil euros por ano em bolsas de estudo.”
O candidato referia-se ao concerto comemorativo de Elvas Património Mundial da UNESCO.
“As prioridades são o Aqueduto da Amoreira e o Forte de Santa Luzia”
Candidato do PS em Elvas promete requalificação do património e mais apoio aos agentes culturais
O património histórico e cultural de Elvas é um dos pilares do programa eleitoral do socialista Nuno Mocinha, candidato à Câmara Municipal. O PS propõe mais apoio estruturado aos agentes culturais, reforço da participação em redes nacionais e internacionais e a recuperação de espaços históricos do concelho.
Forte de Santa Luzia e Aqueduto da Amoreira como prioridades
Nuno Mocinha assume que a prioridade, caso seja eleito, será concluir obras já em curso e avançar com novas intervenções em monumentos de referência:
“No primeiro mandato as prioridades vão ser acabar a requalificação do Aqueduto da Amoreira e fazer a obra no Forte de Santa Luzia. O Castelo, o Paiol de Santa Bárbara, vamos requalificar toda esta zona. Agora, não esquecer que todas estas intervenções precisam de projetos. Vamos iniciar pelo menos os projetos no primeiro mandato e depois, à medida que formos tendo financiamento, iremos encaixar as obras.”
Igrejas abertas ao público
O candidato socialista sublinha a importância de tornar visitável o património religioso da cidade:
“Entre a abertura da Torre Fernandina e a abertura de igrejas ao público, a prioridade são as igrejas abertas. Nós temos muitas igrejas. Consegue-se fazer no mandato a recuperação de todas? Não. Temos de fazer um projeto global, dividi-lo em fases e ir financiando, quer seja através de programas de cultura, de turismo ou outros.”
Mocinha lamenta, a título de exemplo, o abandono do protocolo para a recuperação da Igreja de Santa Luzia, onde estava previsto instalar a sede dos escuteiros:
“Infelizmente aquele protocolo foi abortado pela atual Câmara, e incluía também a requalificação de toda aquela artéria.”
Parque da Piedade: “Vale sempre a pena tentar”
Questionado sobre o futuro do Parque da Piedade, o candidato reconhece o desafio financeiro, mas não afasta negociações com a Confraria:
“O Parque de Feiras tem de ser requalificado. Toda a gente sabe disso. Agora não se pode dar a ideia de que aquilo passa para a Câmara e que no ano a seguir já está tudo pronto. São vários milhões de investimento. Na altura eu próprio tentei e não consegui. Mas as Confrarias também mudam e pode ser que as ideias mudem e que se consiga fazer um acordo.”
Apesar disso, Mocinha deixa clara a ordem de prioridades:
“Fazer o Parque da Piedade não está no topo das minhas prioridades. Para mim é muito mais prioritário aumentar as bolsas de estudo do que fazer o Parque da Piedade ou até a questão das habitações.”
“Voltámos para trás nos últimos quatro anos”
Nuno Mocinha critica ainda a ausência de investimento no turismo digital e acusa a atual gestão camarária de retrocesso tecnológico:
“Nós tínhamos portais, sites que orientavam os visitantes, apps. E isso acabou tudo. Ou não pagaram as licenças ou nada disso funciona. Voltamos para trás nestes últimos quatro anos. Voltamos ao tempo em que os despachos da Câmara voltaram a ser assinados à caneta. Coisa que já não acontecia no meu último mandato. Isto é que é evoluir?”
Concessão do antigo posto de turismo do Morgadinho
No plano de revitalização do turismo, a candidatura socialista propõe também a concessão do antigo posto de turismo do Morgadinho para fins empresariais, transformando um espaço municipal atualmente subutilizado.
“Aquele espaço municipal está morto. Já teve para surgir ali um Burger King. Só não surgiu porque o espaço não dava. Mas pode surgir ali uma unidade ou um estabelecimento de bebidas, restauração, snack bar.”
O candidato vê nesta medida uma forma de dinamizar economicamente a área, aproveitando imóveis públicos sem utilização e reforçando a oferta de serviços para visitantes e residentes.
Programa de longo prazo e investimento de grande escala
Nuno Mocinha sublinha que o programa socialista para Elvas é ambicioso e pensado para mais de uma década, refletindo um planeamento de médio e longo prazo:
“Este é um programa que se apresenta no mínimo a dez anos e provavelmente não ficaria feito, porque é também um programa em constante atualização e mudança.”
O candidato destaca ainda a dimensão financeira do projeto:
“É um programa de mais de uma centena de milhões de euros de investimento.”
“Os meus problemas com Rondão Almeida já foram”
Nuno Mocinha admite divergências passadas, mas afirma respeito pela obra da atual presidente da Câmara de Elvas
Nuno Mocinha, candidato do PS à Câmara Municipal de Elvas, abordou os relacionamentos políticos e adversários numa parte da entrevista em que procurou esclarecer a sua posição face ao atual presidente, Rondão Almeida, e ao futuro cenário eleitoral.
“Os meus problemas com Rondão Almeida já foram. Pelo menos do meu lado. É uma pessoa que eu admiro pela obra que fez, só que acho que neste momento está no tempo de dizer: ‘até aqui eu comprometi-me com isto, daqui para a frente tenho de ser outra pessoa’. Porque a minha família também merece o meu tempo.”
O candidato sublinha a importância da manutenção das obras:
“Tanto eu como Rondão fizemos muita obra nos nossos mandatos, mas têm de ter manutenção. Senão depois temos pavilhões sem água quente, pistas de atletismo com azulejos a cair ou piscinas sem saber se o teto cai (…) No nosso programa, vamos transformar as piscinas de Vila Boim em piscinas de água quente para os alunos do agrupamento das freguesias rurais. Há que ter consciência do dinheiro que estas coisas custam.”
Perspetiva sobre adversários políticos
Questionado sobre quem será o seu principal adversário político, Mocinha admite:
“Provavelmente eu serei o principal adversário do comendador. Ele, não sei se é meu adversário, se calhar está toda a gente enganada. Acreditamos que os eleitores votam nas pessoas. Eu perdi as eleições porque as pessoas estavam descontentes comigo. Supostamente pela minha ausência, por não fazer atendimento, o que não é verdade. Eu fazia atendimento todas as semanas e se eu não estivesse, estavam os vereadores, como acontece hoje.”
Sobre o crescimento de novos partidos, como o Chega, o candidato afirma:
“Não posso acreditar que alguém vá votar nas próximas eleições no André Ventura, porque não é ele que se candidata a Elvas. Quem é o candidato à Câmara Municipal é José Eurico Malhado. Estamos a votar em pessoas e não em partidos. Quando as pessoas precisarem de alguma coisa na Câmara, não é o André Ventura que lá está, é o José Eurico. Ele é quem irá atender e resolver os problemas.”
A Política e proximidade com os eleitores
Nuno Mocinha destaca que a sua equipa é jovem, disponível e dinâmica, e que pretende estar mais próximo da população. Passados quatro anos de afastamento da governação autárquica, o ex-presidente retrata-se:
“É um Mocinha que tem de estar mais próximo, ir menos vezes a Lisboa, ir mais a eventos locais, estar com as pessoas, conviver. Além disso, a minha família também merece tempo. Posso comprometer-me a estar mais próximo das pessoas. Já o fui demonstrando nos últimos anos.”
O candidato explica também a estratégia de participação da população na definição de projetos:
“Antes de fazer, vamos ouvir as pessoas. Se algo não correu bem nos mandatos anteriores, foi o querermos fazer sem ouvir. Agora, quando tivermos os projetos concretos, vamos mostrar às pessoas e perguntar se é o que querem, fazendo alterações quando necessário.”
O Processo judicial
Questionado sobre o processo em tribunal, em que é acusado de prevaricação do titular de cargo público, Nuno Mocinha mantém confiança de que não afetará a sua candidatura, não entrando em mais detalhes nesta entrevista.
O julgamento irá ocorrer no período pós eleitoral.
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