Júlio IsidroOpinião
26 Agosto, 2016

A Rádio perdeu a menina

Maria Eugénia partiu sempre menina e é assim que todos a vamos recordar.

O cinema também. E a memória de uma época popularizada como de ouro na nossa 7ª arte.
Maria Eugénia era a última grande referência de uma geração que chegou aos nossos dias trazendo-nos um cinema que parece sempre novo.

Os avós, os filhos e agora os netos continuam a encantar-se com as histórias a preto e branco que têm dentro de si a cor de algo que o tempo enriquece.
Tive o prazer de entrevistar algumas vezes esta senhora que saíu ainda menina da vida artística. Por amor, disse que não a uma carreira internacional e foi capaz de recusar um convite irrecusável de Vittorio de Sica para fazer cinema em Itália.
Em apenas quatro anos construiu uma imagem que durou toda a sua vida.
Era doce na voz e no trato. Tinha muitas saudades do passado, porventura demais. Gostava mais do sossego romântico de outro tempo e nunca me pareceu conviver bem com este novo tempo.
Sou o autor do prefácio da sua biografia e recordo a sua mão dada na minha quando apresentei o livro. A dedicatória que escreveu é um gesto de ternura que jamais esquecerei.
Maria Eugénia partiu sempre menina e é assim que todos a vamos recordar.
Felizmente que os nossos netos gostam tanto dos seus filmes. São eternos como a senhora, querida Maria Eugénia.

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