Miguel AntunesOpinião
13 Maio, 2016

Olhar pela Cidade

Contudo há ainda um caminho a percorrer e que nos corresponde a nós, cidadãos. É o caminho do civismo que pode, e faz, a diferença a quem nos visita.

Olhar a cidade de Elvas, perceber a sua beleza, entender a sua história e admirar as suas fortificações é um privilegio. Se além deste exercício em nome próprio, e por força da minha profissão, junto a satisfação de o poder partilhar com quem nos visita, torna-se assim num prazer redobrado. Ver como no final de uma visita guiada, tanto nacionais como estrangeiros, percebem e entendem a importância histórica da nossa cidade, elogiando o valor pátrio dos nossos antepassados que se empenharam na defesa da portugalidade, e como os contemporâneos querem ser merecedores dessa herança, cuidando e preservando o património, é um orgulho.

Também, pela mesma razão, tenho que ouvir as queixas e recomendações “sábias” desses mesmos turistas. Confesso que em alguns fóruns e reuniões entre guias-intérpretes partilhamos essas anedotas que nos deixam quem visita a nossa região. Algumas histórias fazem-nos entender melhor as expetativas que têm os visitantes e com elas melhorar os nossos serviços.

Para nós elvenses estes comentários têm que servir-nos para que aos poucos possamos tornar Elvas mais acolhedora. Estamos habituados a estar rodeados dum património construído que, merecidamente, foi reconhecido pela UNESCO como de excecional valor para todo o mundo. A autarquia e outras entidades locais e regionais desenvolveram e projetam a manutenção e valorização desse património, enquanto nós como população residente já entendemos que as pedras, muralhas, fortes, igrejas, praças e ruas são mais que espaços de vivência quotidiana e são uma fonte de riqueza para o concelho e o que de melhor podemos deixar às gerações futuras.

O turismo é uma indústria de futuro e uma das bases do desenvolvimento que todos ansiamos. Paulatinamente Elvas vê como os visitantes demandam a cidade, querendo conhecer e experimentar o contacto com esse património militar, religioso e civil. Novas atividades e empresas têm surgido em redor do fenómeno económico do turismo, reforçando os serviços e comércio disponibilizado, demonstrando o dinamismo que o turismo pode exercer na vida empresarial do concelho e na criação de postos de trabalho.

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Contudo há ainda um caminho a percorrer e que nos corresponde a nós, cidadãos. É o caminho do civismo que pode, e faz, a diferença a quem nos visita. Uma cidade que além da imponência do património histórico é também uma cidade limpa, sem papéis e lixos pelo chão, sem fezes de canídeos nos passeios, com condutores que respeitem as passadeiras e os peões.

São pequenos gestos, que unidos aos esforços das autoridades na manutenção e limpeza das artérias do centro histórico, representam na prática os nossos gestos na preservação do património e acolhimento aos turistas. Como alentejanos, somos reconhecidos pela nossa simpatia e bem receber, vamos juntar ao nosso sorriso estes gestos de civismo a bem do futuro das novas gerações.

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