ActualAndré SilvaOpinião
1 Março, 2018

Uma no cravo, outra na ferradura!

Dúvidas me assistem. A mim e a muitos elvenses, certamente. Que razão leva a Câmara Municipal de Elvas a vender a Herdade D. João?

Escrevo esta crónica poucas horas depois da decisão da Câmara Municipal de Elvas, através da maioria PS no Executivo, de vender em hasta pública a Herdade D. João. Um património municipal que Elvas herdou de Isabel Maria Picão.

Para aqueles que não sabem, a Herdade D. João é pertença do município de Elvas desde 1944. Goza plenos direitos dessa propriedade depois da morte daquela que ficou conhecida, entre a própria família, pela tia Maria espanhola. O legado deixou igualmente pago o atual edifício dos Paços do Concelho que a Câmara Municipal tinha comprado, a prestações bastante vantajosas, em 1935 e que se saldou com a morte de Isabel Maria Picão.

Trata-se por isso de história. História da história do concelho de Elvas. E Isabel Maria Picão faz parte da história da cidade. É o desrespeito a esta memória que me faz estar contra a decisão e nem sequer conseguir aceitar a possibilidade da alienação vir a ser uma realidade.

Há 74 anos na posse da autarquia, nenhum dos anteriores executivos ponderou, que eu saiba, perder este património. Mais ainda quando, segundo pude saber, ele rende uns simpáticos milhares de euros aos cofres da autarquia anualmente.

Dúvidas me assistem. A mim e a muitos elvenses, certamente. Que razão leva a Câmara Municipal de Elvas a vender a Herdade D. João? Nuno Mocinha tinha admitido que a autarquia não podia comprometer obras financiadas por fundos comunitários e tinha, por isso, que encontrar receitas próprias. Mas o caminho mais fácil não é, ao mesmo tempo, o mais polémico e doloroso para os elvenses? Os elvenses exigem, pelo menos, uma explicação sobre se este é o único caminho!

No final da reunião do executivo, o presidente da Câmara Municipal de Elvas justificou a venda como fonte de financiamento que evita a subida de impostos ou o agravamento de taxas municipais aos elvenses. Concordo com essas premissas de não se prejudicarem os nossos conterrâneos mas não haverá outra fonte de receita?

Não haverá, por exemplo, espaço para cortar na despesa? Claro que há! E o primeiro passo é a Semana da Juventude deste ano. Julgo que é público, apesar de ainda não ter lido qualquer notícia na comunicação social elvense ou informação no site da Câmara Municipal de Elvas, que esse evento vai mudar-se em 2018 para o Coliseu da cidade. É uma decisão que aplaudo e um exemplo a seguir! Isto permite a poupança de alguns milhares de euros no aluguer de uma estrutura amovível como aquela que foi instalada no Parque da Piedade no ano passado e rentabiliza ao mesmo tempo um espaço que é de todos os elvenses.

Há jovens que estão contra esta mudança mas faço o desafio para que se lembrem de um exemplo muito parecido: o festival Super Bock Super Rock! Primeiro estranha-se mas depois entranha-se, acreditem.

Hoje fico com este sentimento vindo da minha cidade de Elvas: Uma no cravo, outra na ferradura!

 

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