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19 Setembro, 2025

“O que é que se passa com o contrato com a Aquaelvas?”: Chega lança candidatura em Elvas com denúncias e ultimatos

O Partido Chega apresentou esta sexta-feira, ao final da tarde, as suas listas à Câmara Municipal, Assembleia Municipal e juntas de freguesia do concelho de Elvas, numa sessão realizada na Praça Dom Sancho II, em pleno centro da cidade, aproveitando as festas locais. O evento contou com a presença de militantes, apoiantes e população em geral, que se mostraram bastante entusiastas e participativos ao longo dos discursos.

Além da apresentação pública, o Chega divulgou os nomes que integram as listas aos diferentes órgãos autárquicos. À Câmara Municipal de Elvas, o cabeça de lista é José Eurico Malhado, seguindo-se Elsa Dourado (n.º 2), Henrique Belacorça (n.º 3), Fernando Branco (n.º 4), Cláudia Manteigas (n.º 5), António Quintino (n.º 6) e Gumersindo Rosado (n.º 7) (…)

À Assembleia Municipal, a lista é liderada por José Eduardo Gonçalves (Bi), tendo como n.º 2 Maria Capelas, n.º 3 João Serpa, n.º 4 João Rodrigues, n.º 5 Margarida Susano, n.º 6 Fernando Capelas e n.º 7 Maria Branco (…) contabilizando no total de 28 elementos.

O partido apresenta também listas a todas as juntas de freguesia: em Terrugem concorre Joaquim Trindade; em São Brás e São LourençoLuís Conceição; em Vila BoimLuís Judas; em AssunçãoAntónio Abrantes; em Caia e São PedroJosé Galguinho; em São Vicente e VentosaIsabel Charreu; e em Vila Fernando e BarbacenaVítor Caiola. O mandatário da candidatura é António Abrantes.

“Viva Elvas!”: Bi Gonçalves pede respeito mas deixa ultimato sobre contrato desportivo

José Eduardo Gonçalves, conhecido por Bi, cabeça de lista à Assembleia Municipal, iniciou a intervenção com um grito de “Viva Elvas” e explicou que o seu discurso teria três destinatários: os adversários políticos, as equipas do partido e todos os elvenses.

“Aos companheiros dos outros partidos, peço elevação, educação, respeito e dignidade. Há o direito à oposição e respeito dos adversários. Dia 12 de Outubro, tudo isto acabou e somos todos de Elvas.”

Assumindo não ter redes sociais, deixou um reparo sobre críticas e ataques:

“Não tenho Face, não tenho Instagram, mas sei das críticas de familiares e apoiantes, insultos graves às nossas mulheres e homens do Chega. Não quero que seja assim porque eu também sei dizer mal dos outros. Peço aos outros e aos nossos candidatos que haja contenção e respeito.”

Confiante no resultado eleitoral, acrescentou:

“O Chega vai ser Câmara, vamos ganhar muitas assembleias de freguesia e também a Assembleia Municipal porque somos diferentes e fazemos a mudança necessária com respeito.”

“Somos 122 nomes, não repetimos nenhum. O melhor que Elvas tem”

Num segundo momento, Bi Gonçalves falou para dentro, dirigindo-se às equipas e valorizando o esforço na preparação das listas:

“Somos as mulheres, somos os melhores que arranjamos, somos 122 nomes, não repetimos nenhum. Não foi fácil arranjar estes candidatos para as Juntas e Assembleia Municipal, mas com esforço conseguimos os 122 nomes diferentes, o melhor que Elvas tem.”

“Vamos também ganhar São Vicente, foi a última que conseguimos arranjar, podemos ganhar todas as Juntas, a Câmara com maioria e a Assembleia com maioria. Somos todas Elvas, amamos Elvas.”

“Não sou político e nem quero ser político”

Na terceira parte da sua intervenção, explicou porque decidiu avançar na política local:

“Tenho muitos amigos que recusaram estar aqui, ao pé de mim, e com esses nunca mais vou falar de política. Porquê que eu vi para o Chega? Porque me revejo neste partido, é um partido novo, com seis anos, que se debate contra a corrupção, contra as ajudas do Estado, defendemos a igualdade. Todos os que não merecem apoios da Câmara Municipal e do Governo, não os vão receber. Temos de ser justos com os elvenses.”

“Não sou político e nem quero ser político. A Assembleia Municipal é o mais importante órgão autárquico. Eu vou estar na rua, dar ideias e tudo o que eu puder fazer a favor desta candidatura e destas pessoas e desta equipa, farei. Elvas há 30 anos que anda num marasmo. Nós temos de mudar esta cidade.”

E deixou um aviso em tom de ultimato sobre a gestão desportiva municipal:

“Eu dou até ao dia 12 de Outubro a possibilidade de regularizarem este contrato. A empresa privada está a utilizar um equipamento desportivo municipal, em que temos de ter regras. Primeiro pedem, segundo pagam e terceiro usam. E isso não está a ser cumprido. A SAD d´ Elvas não está a cumprir.”

Eurico Malhado: “Em Elvas quem decide é Rondão Almeida e isso não pode ser”

O candidato à Câmara Municipal, José Eurico Malhado, apresentou-se como consultor de vendas e garantiu que a sua lista trabalha de forma coesa:

“Nós decidimos a uma só voz. Em Elvas quem decide é Rondão Almeida e isso não pode ser. Há pessoas que têm medo de se mostrar e por isso não estão aqui hoje. Dantes havia a PIDE. Hoje quem fala mal do Rondão é excluído. Elvas precisa de uma mudança necessária.”

Entre aplausos e gritos de “Chega”, criticou o estado do concelho:

“O concelho está num marasmo absoluto. Com o Chega vai haver uma cadeira na Rua Isabel Maria Picão, que vai estar em todas as freguesias. Vai haver verticalidade e transparência. Não será um baloiço, como até aqui tem acontecido, entre Rondão Almeida e Mocinha.”

“Alguma coisa se passa na Aquaelvas”

O candidato focou-se depois no contrato municipal com a empresa de águas, que considera problemático:

“É uma situação que todos falam, mas ninguém explica o contrato com a Aquaelvas. Um contrato tão grave que Rondão Almeida mandou Nuno Mocinha, então seu vice-presidente, ao notário. Porquê é que o presidente da Câmara não apareceu e assinou no notário? Passados quatro anos houve uma retificação ao contrato e Nuno Mocinha, então Presidente, mandou o seu vice-presidente, Manuel Valério ao notário. Alguma coisa se passa na Aquaelvas, nós vamos folhear e passar a pente fino aquele contrato.”

“Como é que é possível a água ser mais cara em Elvas que em Cascais e em Lisboa e os resíduos sólidos serem pagos a 100%?”

“Rondão é fixe, é muito fixe, mas é para sacar aos idosos”

Malhado atacou ainda diretamente o atual presidente da Câmara:

“Rondão Almeida diz que gosta muito dos idosos, leva-os a Fátima uma vez por ano, as crianças uma vez por ano à praia, dá com uma mão, tira com as duas para tirar 400 euros ao final do ano. É uma vergonha. Rondão é fixe, é muito fixe, mas é para sacar aos idosos. Deveria dar condições para viverem o resto da vida, é explorar os idosos.”

“Nós vamos isentar o centro histórico de IMI”

Nas propostas apresentadas, o candidato prometeu aliviar encargos fiscais e apoiar o comércio local:

“Nós não oferecemos dinheiro, nós vamos isentar o centro histórico de IMI, toda a gente, e passar para os 0,30 em todo o concelho. Rondão Almeida escavou ou rebentou com o comércio e está a rebentar com os idosos e toda a população de Elvas. ”

“Não vamos fazer um penico, queremos uma cidade limpa”

Continuando o discurso, José Eurico Malhado destacou a proposta que, segundo o próprio, mais tem dado que falar: o reforço do turismo.

“Queremos criar um posto turístico com um WC no viaduto de acesso à cidade. Não tenho TikTok, mas ouço as críticas, até em jeito de gozo, sobre a casa de banho. Eu não vou fazer só uma casa de banho, o que queremos é uma cidade limpa, não é um penico. Ele é que é capaz de ainda ter um penico na casa dele”, disse, referindo-se a Rondão Almeida.

O candidato defendeu ainda a criação de um gabinete de acompanhamento de problemas das crianças e das famílias e mostrou preocupação com a área da saúde:

“Estamos na iminência das urgências do Hospital de Elvas encerrarem em 31 de dezembro. Não vi Rondão Almeida às portas do hospital explicar o que está a acontecer, ao contrário do que aconteceu com a maternidade, quando prometeu que se a maternidade fechasse se demitia, o que não aconteceu. Temos de levantar a voz.”

Recordou ainda a promessa de investimento de 20 milhões de euros no hospital:

“Elvas tem muitos concelhos limítrofes que utilizam as nossas urgências. Nuno Mocinha e Ricardo Pinheiro anunciaram 20 milhões de euros para o hospital. Nós nunca iremos agir assim, com demagogia. Vamos para o campo de batalha pelo povo de Elvas. Nós temos 60 deputados em Lisboa e buscaremos todos os apoios.”

E concluiu:

“O movimento está destronado, nem o PS nem o PSD lhe abrem a porta em Lisboa. Nós queremos uma cidade próspera que fixe pessoas e empresários. Elvas merecia muito melhor.”

“Vocês é que fazem a mudança”

O encerramento da sessão coube a João Aleixo, deputado do Chega eleito por Portalegre, que elogiou a candidatura local e apelou à mobilização:

“Temos uma equipa competente e completa e que vai fazer a mudança no concelho de Elvas. Temos 50 anos de um bipartidarismo na Assembleia da República e nas autarquias. Começámos com uma pessoa, lembrem-se do Chega, depois passámos para 12, depois passámos para 50 e hoje somos 60. E estas 122 pessoas em Elvas também podem fazer a mudança e ser a diferença que Elvas precisa. Vocês é que fazem a mudança. Elvas sempre fez história.”

E deixou ainda uma nota final em tom de confiança:

“Um deputado do PS disse-me há dias que, em Elvas, sabem que nós vamos ganhar esta Câmara. Estão nervosos. Fizemos história nas legislativas, vamos fazer história nas autárquicas”.

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