Ouçamos a América de Springsteen

Springsteen fechou a campanha de Clinton. Mas hoje é dia para continuar a ouvir Springsteen. A América de Springsteen é uma América de tolerância, um sítio onde há lugar para todos (American Skin). A Terra Prometida (Promised Land) de Springsteen é bem mais interessante do que a América que um louco agora promete fazer renascer.

Esta América de muros, de armas, de autoritarismo não cabe no universo de Springsteen. Não cabe no universo daqueles que acreditam na cooperação entre povos e na Democracia.

Depois do choque, que estou certo, ainda vai durar alguns dias, será altura para pensar no que andámos a fazer para permitir que figuras como esta pudessem emergir na cena política norte-americana e internacional. Talvez, como canta Springsteen, tenhamos entrado neste jogo demasiado tempo (Well it seem like I’ve been playin’ the game way too long) e agora estejamos todos encurralados (Trapped).

A este propósito, no dia em que Trump é eleito presidente dos Estados Unidos da América, uma reflexão sobre o papel dos média tem de ser levada em conta. Uma colunista do Washinghton Post, Margaret Sullivan, diz que os média não quiseram acreditar que Trump poderia ganhar estas eleições. Que seria demasiado ridículo. E ao não acreditarem, talvez não tivessem sido tão críticos com a sua candidatura.

“The Ghost of Tom Joad” foi inspirada na obra de John Steinbeck “As Vinhas da Ira”. É uma música com duas décadas. Mas é tão atual que até assusta.
Fala de uma Nova Ordem Mundial. De gente desesperada. Sem casa, sem trabalho, sem paz, sem descanso. (“No home, no job, no peace, no rest”.)

Mas termina com uma garantia para os Trumps desta vida: “Sempre que houver um recém-nascido faminto. Onde houver uma luta contra o sangue e o ódio. Olha para mim, Mãe, eu estarei lá” (Wherever a hungry newborn baby criesWhere there’s a fight ‘gainst the blood and hatred in the air. Look for me Mom I’ll be there)

Fuck you Trump!!