Miguel AntunesOpinião
14 Novembro, 2017

O Castelo de Elvas

É o edifício gótico militar medieval mais representativo deste período histórico no concelho.

O castelo ou castelejo de Elvas, localizado no ponto mais elevado do centro histórico, é o edifício gótico militar medieval mais representativo deste período histórico no concelho, estando englobado dentro dos elementos classificados pela UNESCO como Património Mundial.

Historicamente pode ser entendido como o berço do núcleo urbano, à falta, ainda, de escavações arqueológicas que o comprovem. É um belo exemplar de um castelo português revisitado durante a ditadura salazarista que lhe atribuiu o aspeto que hoje contemplamos. Ao igual que em muitos outros em Portugal, também o castelo elvense recebeu uma restauração, salvando-o da ruína mas simultaneamente adulterando e reinterpretando o seu aspeto histórico.

Os historiadores dizem-nos que a sua origem remontará à ocupação islâmica, quando a nossa localidade era conhecida como Yalbash, estando à sombra da nossa cidade-irmã de Batalyaws, antiga capital taifal. Além do castelo, chegaram aos nossos dias outras estruturas islâmicas militares: as duas primitivas cinturas de muralhas elvenses. A primeira envolvendo a alcáçova, datável do século IX, e a segunda, de época almóada (sec. XII) que define a cidade pré-conquista cristã.

Após a conquista por Sancho II, o castelo vai reforçar-se, cabendo posteriormente a Dinis I introduzir de matacães, a nova torre de menagem e outras. Nele deverá ainda ter tido lugar as Cortes de Elvas em que Pedro I permitiu que tivessem voz por primeira vez os representantes do povo.

Ainda hoje sobre a porta de entrada encontramos o escudo real de João II, o Príncipe Perfeito, que também o beneficiou. No advento da pirobalística vai ser no reinado de Manuel I que se construirá ou adaptará a torre hexagonal, que com a construção da muralha de Cosmander perderá a sua função estratégica e de comando da praça-forte.

Recordemos ainda que a história quatrocentista mais famosa de Elvas tem por cenário este castelo, que tendo as suas portas fechadas obrigou a Gil Navalha, oficialmente Fernandes, Alcaide da Vila, a lançar para dentro dos seus muros o estandarte que havia sido recuperado em Badajoz, gritando ao tempo que o atingiam os inimigos castelhanos: “Morra o homem, fique a fama”. Seguramente a fama terá que eternamente contar-se dentro das muralhas, e quem sabe aproveitando a requalificação da Parada do Castelo, possa o município elvense, homenageá-lo através de uma escultura a colocar junto ao Castelo.

Atualmente, além de podermos subir aos seus adarves,  é relaxante sentar-nos na esplanada da cafetaria ali instalada à sombra das nespereiras, e imaginar-nos reis e rainhas, soldado e capitão encerrado nas muralhas do castelo de Elvas, enquanto saboreamos um refrigério recuperando alento no estio alentejano ou um reconfortante café neste outono pouco chuvoso.

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