A derrota da extrema-direita holandesa foi uma má notícia para a imprensa britânica.
Os tabloides do Reino Unido (e os interesses económicos que os alimentam) apostaram tudo numa vitória de Geert Wilders, na esperança que isso levasse à derrocada da União Europeia. Os media britânicos querem o Brexit, mas também não querem que a União Europeia fique como está. Pior! Agora que se fala cada vez mais de uma Europa a duas velocidades, é preciso “destruir” o coração desse “monstro”: a aliança Alemanha-França-Benelux.
Acontece que nem extrema-direita alemã (que cresce roubando votos a Angela Merkel) nem a francesa (apesar dos mais de 30% de apoiantes em Marine Le Pen) têm recursos suficientes para chegar ao poder. O desânimo é evidente nas manchetes dos jornais britânicos, como o The Telegraph, que titula hoje “Partido holandês de extrema-direita perde eleição, mas a maré populista na Europa não está a abrandar”, destacando a “vitória pírrica” do projeto europeu.
A saída do Reino Unido teve impacto na União Europeia, mas as consequências, sabe-se agora, serão muito piores para os britânicos. O que poderia equilibrar a balança a favor de Londres, seria – na melhor hipótese – o fim da Europa que temos hoje e um regresso à CEE, um mercado onde haveria livre circulação de mercadorias e capitais, mas nenhuma das interferências de Bruxelas nem a livre circulação de pessoas. A esperança dos britânicos assenta por isso em todos os líderes políticos que ameaçam bater com a porta à Europa e tornar em ruínas o que é hoje a União Europeia.
Não surpreende que, em breve, os media britânicos corram atrás de outros eurofóbicos que surgirão no espaço europeu. Certamente que os jornais ingleses têm razão quando afirmam que “a maré populista na Europa não está a abrandar”, mas também é verdade que essa onda também cresce lá no Reino Unido, sendo que nesse caso, não é olhada com satisfação.
Porém, independentemente desse populismo, e para desgosto dos britânicos, a Europa vai avançar para um novo nível de integração e a estrutura principal desse novo piso do edifício europeu deverá ficar concluída depois das eleições francesas e alemãs. Quando esse “andar” no topo da “Torre Europa” estiver construído, já não interessa quem fica ou quem sai.
No futuro Clube VIP europeu haverá uma “Nouvelle Europe über allen” a que só alguns terão acesso. Quem conseguir entrar não quererá sair, mas quem se precipitou a sair, ou ficou de fora, vai chorar baba e ranho para entrar.
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