Os meus editores não gostavam mesmo nada! Aparecer na redação com declarações gravadas dos assessores ou dos diretores de comunicação em vez dos responsáveis, era mau. Muito mau. Fazia sentido todo aquele azedume. O que importa para as pessoas, é o que diz quem os representa.
Os leitores, ouvintes ou telespectadores querem saber o que pensam os que eles elegem. Porque quem trabalha numa empresa que corre o risco de fechar, quer saber o que têm os administradores para explicar. Porque, quem é sócio ou simpatizante de um clube quer saber o que têm os respetivos presidentes a declarar sobre determinada polémica. O morador num qualquer concelho quer saber o que o presidente de câmara vai fazer.
O diretor de comunicação é um funcionário. Um funcionário especial, é certo, porquanto define (cá está, em conjunto com a gestão) as polÃticas e estratégias de comunicação dentro das instituições e, muito importante, da imagem institucional no exterior. Isso implica a adoção de modelos e planos de grande responsabilidade. Mas um diretor de comunicação não pode assumir a fila da frente. Está nos bastidores, a coordenar e a gerir a polÃtica de comunicação da instituição.
Não é esse o caso dos diretores de comunicação dos três principais clubes de futebol portugueses que, com regularidade, marcam a agenda e parecem ter lugar cativo nos média. A propósito de recentes polémicas (que aqui não me interessa discutir) assumiram o palco. Trocaram acusações entre eles, dando a ideia de serem eles os protagonistas dos clubes que representam. Por dias, (demasiados dias, aliás) os diretores de comunicação foram os rostos do Benfica, Porto e Sporting, certamente com o acordo das respetivas presidências que assim se salvaguardaram, deixando que os funcionários se chamuscassem com o fogo das muitas polémicas que caracterizam o futebol em Portugal.
Quem tem de prestar contas públicas são os responsáveis máximos das instituições. Não são os seus funcionários, mesmo que o façam no conforto das televisões que gerem. Não é aos técnicos de comunicação que compete acusar, denunciar ou debater na praça pública as questões centrais das instituições. Muito menos entrar em conflito entre eles, dando a ideia de que é entre eles que a polÃtica dos clubes se faz.
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