As redes sociais, e em particular o Facebook, tornaram-se grandes aliadas do jornalismo. Rádios, televisões, jornais e sites jornalísticos procuram potenciar a sua presença no Facebook, no Twitter, no Instagram e com isso angariarem novos leitores ou manterem os atuais.
Clickbait é uma prática que consiste em publicar, ou como modernamente se diz, postar um texto no Facebook, com um título bombástico, exagerado ou sensacionalista. Se possuir estas três qualidades, tanto melhor. O objetivo é levar-nos a clicar no post que nos conduzirá irremediavelmente ao site da publicação online. E, já se sabe, mais cliques equivale a mais visitas, mais visitas (pode) equivaler a mais receitas.
A prática ganhou adeptos entre as mais variadas publicações jornalísticas. É ver jornais desportivos (insisto, desportivos) a postar imagens de simpáticas raparigas propositadamente despojadas das suas vestes e titulando “Banida do Instagram por ter curvas a mais. Espreite a fotogaleria”. Ou outros que procuram seduzir-nos prometendo desvendar os 10 alimentos mais perigosos que ingerimos, ou as receitas milagrosas para de futuro possuirmos uma tal saúde financeira de fazer inveja.
De repente, os títulos publicados no Facebook por órgãos de comunicação jornalísticos estão cheios de convites: “espreite a galeria”, “saiba tudo aqui”, “não pode ficar indiferente. Clique”, e tantas outras expressões convidativas à informação pura e total.
Não se pode levar a mal o facto de os média jornalísticos quererem “pescar” os seus leitores para os seus sítios online. E, nesse quadro, será normal que procurem estratégias nas redes sociais que possam convencer os utilizadores de que, ao irem para o site, vão encontrar mais e melhor informação. A informação de sempre. A informação a que habituaram os seus leitores.
Ora o problema é precisamente esse. Para as redes sociais não vão só as notícias que são postadas. Quando a TSF, o Record, o Público ou a Perspetiva, por exemplo, colocam no Facebook uma ligação com um título para uma notícia estão também a potenciar a marca que são. Estão a sinalizar para o leitor que aquela notícia tem a marca e a assinatura que ele conhece. Uma “Notícia TSF” difundida na rádio, no site ou no Facebook tem de ser percecionada em todas estas plataformas como uma “Notícia TSF”. O mesmo se diz de todos os outros exemplos.
Sucede, porém, que não precisaremos procurar muito para ver que essa marca sai beliscada em favor do clique. Que parece ser mais importante lançar o isco ao leitor com agradáveis, e nem sempre rigorosos títulos, do que informar, que é afinal, aquilo que o jornalismo deve fazer, independentemente das plataformas de distribuição.
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