É obrigação minha advertir o leitor que não tenho o propósito, despropositado, de dar lições seja a quem for. As minhas intervenções neste espaço comunicacional intentam, tão somente, registar e partilhar uma ou outra reflexão sobre o assunto anunciado, sem pretender enunciar a última palavra, o “magister dixit”, o “depois disto nada mais há para dizer”. Digamos que me atrevo a revelar os sedimentos de uma vida profissional que, com a matéria em causa, constituem o essencial que revolvo e que me basta.
Ao longo da história a humanidade escreveu milhares e milhares de tratados sobre o tema. Sei, por isso, quão difícil é resumir nestes nossos breves contatos, tudo quanto foi dito, escrito e proclamado das mais variadas formas. Difícil e impossível. Mas vale a pena mergulhar no fundo das coisas e daí extrairmos o entendimento que delas armazenamos. Alguém disse que a cultura de cada um é exatamente o que ficou depois de tudo esquecido.
Daí que, comparando a exiguidade do espaço considerado comum com a evolução dada do saber produzido, este ficará, obrigatoriamente, reduzido às suas mínimas dimensões e, portanto, ao que é verdadeiramente essencial.
Dada a minha formação académica, prezo muito o sentido das palavras, na sua forma mais primitiva, porque nela podemos encontrar razões que justificam o seu nascimento.
A propósito de “educar”, muito gostaria eu de possuir o conhecimento inicial que fez com que alguém – não sabemos quem nem quando – nomeou de “educar”.
O processo de acompanhamento e influência que nuns de nós têm sobre outros de nós. Se sabemos que palavras como “rola”, “assobiar”, “ribombar”, “metralhadora” e “saltitar” têm na sua sonoridade alguma coisa de real que relacionou o objeto com a sua designação, não é menos evidente que “educar” não nos dá sinal auditivo nenhum que nos lembre o que isso é. E seria muito interessante, quão impossível é, que pudéssemos aceder a esse conhecimento, acumulando ainda uma outra dificuldade: e que motivação ocorreu em cada uma das diferentes línguas, hoje faladas e hoje mortes, que criaram formas tão distintas para nomear a mesma realidade? O leitor já percebeu que acredito na existência de causas reais motivadas ou concertadas, provocadoras de consequência linguísticas não menos reais.
Também se torna claro que tenho para mim, com a mais firma convicção, que o acaso, o aconteceu simplesmente, e o “isso que importa?”, não são as águas em que mergulho.
Estou hesitante entre o registo das expressões científicas, que dão nome a estas teorias e a sua omissão – não quero ser maçador…
No nosso breve encontro próximo, se me esquecer desta preocupação, talvez fale delas enquanto procuraremos noutras fontes os sentidos fundamentais de “educar”.
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