Luís BonixeOpinião
15 Setembro, 2016

É proibido ver televisão, ouvir rádio e usar o telemóvel !

Goste-se muito, pouco ou nada, os média e as tecnologias de informação são o principal expositor que temos do mundo no século XXI.

Os discursos que se produzem sobre os média são demasiadas vezes de extremos. De um lado, os que observando o papel dos meios de comunicação e das tecnologias de informação com facilidade e encantamento lhe reconhecem exagerados atributos. E do outro, os que preferindo ignorar as suas vantagens com uma velocidade estonteante os diabolizam.
É um discurso que facilmente identificamos na primeira década e meia deste século, mas que tem origens muito mais distantes no tempo. Sobretudo a televisão, foi (e é) geradora deste tipo de visões, tendo sido acusada daquilo que é de facto responsável, mas também de obrigações que, em boa verdade, cabem a outras instituições da sociedade bem mais nobres, como a família, a igreja, a escola, etc. A Internet, as redes sociais, os dispositivos móveis só vieram contribuir para extremar ainda mais as posições de ambos os lados.
Olhar para os média é, em primeiro lugar, um exercício de cidadania. Exige uma reflexão crítica e argumentada. Exige discussão pública, plural e diversificada. Exige, por fim, envolvimento de todas as estruturas da sociedade; desde as famílias, até às associações de bairro. E exige a insubstituível participação da escola.
Não vale a pena ignorar o papel dos média (e em particular das tecnologias de informação), na vida de todos nós. E muito menos valerá a pena achar que proibindo, afastando ou ignorando esse papel, as crianças e jovens irão deixar de lhes atribuir importância. O excesso de que pais e professores tanto se queixam em relação ao uso das tecnologias por parte das crianças e dos jovens é, em boa medida, fruto de uma ausência de educação mediática e tecnológica.
A integração dos média e das tecnologias nos processos de aprendizagem e conhecimento não resulta em mais ou menos uso dessas mesmas tecnologias. Resulta, isso sim, num melhor uso.
E resultará também num conhecimento mais profundo das potencialidades que cada média tem para oferecer em função de determinados contextos, assim como possibilitará conhecer os limites para o seu uso (em particular os tempos diários, muito importante nas crianças mais pequenas) e, sempre muito sensível, permitirá conhecer as regras e os perigos que estão, cada vez mais, associados às novas tecnologias de informação.
Educar para os média (e com os média) é parte integrante da cidadania. Goste-se muito, pouco ou nada, os média e as tecnologias de informação são o principal expositor que temos do mundo no século XXI. É um erro deixá-los de parte nos processos educativos e isso passa por conhecer a televisão, a rádio, a Internet, o Facebook. Não haja equívocos quanto a isso!

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